quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sem nome. Sem caminho.



Se passou um tempo em que eu achava que palavras alheias e notas musicais, diziam mais sobre mim, do que minhas próprias palavras. Na confusão da minha cabeça elas pareciam se organizar melhor do que eu mesma poderia. 


Sendo carregada na direção do vento, acabei por perder minhas asas. Trilhando caminhos que não eram meus, esqueci como se faz para seguir em frente. E se tudo o que fizemos realmente não valeu a pena? 



Me olho no espelho e tento ainda entender o como vim parar aqui. A figura que ele reflete nem ao menos lembra aquela que eu costumava ser. E aonde foi que todo aquele futuro promissor foi parar? 



É como se eu tivesse dormindo a tempos. Nos momentos em que a insônia me permite retornar a mim, acordo e olho naquele espelho sem entender. Só me resta a vontade de retornar a dormir. Para que quem sabe na próxima insônia a figura refletida esteja um pouco melhor do que a anterior.



Às vezes acordo e vejo traços de melhora. Penso que poderá ser um bom começo e que estarei melhor, talvez até mesmo finalmente acordar. Mas essa onda não em permite. Como se eu tivesse esquecido como nadar para a superfície, também me esqueço daquele molde no qual me encaixava antigamente, ele parece tão maior agora, que eu nem sei por onde começar a preenchê-lo novamente.



Sonhos parecem grandes. Mas minhas expectativas são maiores. Tentando culpar o mundo por ter me largado aqui sem rumo. Nada adianta. Isso não me trará de volta.


E por enquanto eu continuo caminhando. Não sei se em linha reta. Não sei se em círculos. Mas sei que olho apenas pra cima, atrás de alguma estrela que me guie no caminho de volta.



Quando a gente é pequeno, sonha em ser grande. Imagina como será o dia em que atingir a e maioridade. Tirar a carteira de motorista. Ser responsável pelos seus atos. E a gente nem imagina o quanto isso significa.

Ficamos durante horas a fio, imaginando nosso futuro, e como seria ‘ser grande’. Trabalhar. Fazer faculdade. Morar sozinho. Tudo o que enxergamos são sonhos e objetivos à frente. Mas jamais imaginaríamos o caminho que se deve seguir, para se atingir essa tal maturidade.

Criamos exemplos de sucesso ao longo desse caminho. Vemos aqueles, e pensamos ‘eu quero ser assim’. Imaginamos que o dia em que se vai morar sozinho é que você se tornou adulto. Que um bom emprego é uma das coisas mais importantes da vida. Mas nada disso é.

Percebemos que crescemos quando não mais há alguém ali para vigiar todos os seus passos. Ou então alguém que lhe repreenda. Que simplesmente diga, não faz. Percebemos que crescemos quando também não há ninguém lá pra lhe elogiar. Ou então agradecer, por você ter arrumado a casa. Que simplesmente diga, ta ótima a comida. Percebemos que crescemos quando não há alguém para limpar a sua sujeira. Ou reparar os danos pra você, colar o vaso que você quebrou por raiva. Que simplesmente diga, não bate a porta.

Cada momento em que vamos evoluindo se percebe a falta que faz ser criança. A vida nos torna menos ‘bonitos’. Mais rígidos, eu diria. Menos esperançosos.

Porque infelizmente só se percebe que realmente crescemos, quando se perde uma prova importante, pelo simples fato de que não tinha alguém lá pra lhe acordar. Ou lhe levar até lá porque estava atrasado. Que simplesmente diga, vai. Só se percebe que realmente crescemos quando você faz as escolhas certas, e não tem ninguém do lado pra comemorar. Ou então dar aquele abraço. Que simplesmente diga, que bom que você chegou. Só se percebe que realmente crescemos quando se quebra o seu copo favorito, pelo simples fato de ter colocado água quente de mais dentro. Ou então estragar as coisas que ganhou com tanto carinho, só porque não teve cuidado o suficiente. Que simplesmente lhe diga, para.

E mesmo assim você sobrevive. Você vivencia. Chora. Ri. Aprende a lidar com essas situações. Aceita que elas irão lhe acontecer, de tempos em tempos. Começa a ficar feliz com tudo isso.

Todos temos uma visão de que a vida a adulta é como um estagio final. Você tira carteira, tem emprego, mora sozinho, vira responsável pelos seus atos, e pronto. Acabou. Chegamos ao fim da linha. E lá estão todos que você conhece. Todos que você ama. Todos que o querem bem.


Mas a verdade é que crescer é um saco. É solitário muitas vezes. É chato sempre. E pode até ser impossível. Mas a verdade é, que se ainda estamos aqui, ainda temos o que aprender. Que ainda cairemos, apesar de achar que já estávamos seguros. Ainda aprenderemos que nunca, nada é 100% seguro. Que a vida passa, e a gente nunca parece conseguir correr junto com o relógio. Procuraremos o conforto no material, e descobriremos que nem todo o material trás o conforto daquele abraço.


Crescer é basicamente aprender a ser sozinho. Aprender que nunca se aprendeu o suficiente. E que sempre tem alguém que é melhor que a gente. Que nunca existira o dono da razão.


Mas sabem o que é o melhor de tudo isso? É que se você se esforçar o suficiente, a linha de chegada será exatamente aquela que você viu a muito tempo atrás.



'Existiria verdade
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo igual a você'


Seria eu uma simples não entendedora do mundo. Ou simplesmente não aceito a verdade?
Ou será que a minha verdade, não é a verdade do mundo? Alguém vê verdade?

Ela se esconde do mundo, ou de nós mesmo? Quantas perguntas sem verdade absoluta. Existiria então a verdade absoluta? Como sumula, parece ser o que o maior número de pessoas julga o melhor, ou mais certo.

Verdades absolutas só existiriam se todos fossem no mundo igual a você. Somos diferentes, tivemos experiências diversas, família, escolaridade, vivencia, inúmeros fatores que nos levam a formar o nosso eu verdadeiro. Por mais que ele seja falso.

A minha verdade é a seguinte, acabou. Finei. Com um esgotamento praticamente invisível aos olhos alheios, me encontro sem possibilidades. Não sei se vou pra frente, pra trás, pra direita ou esquerda. Parece que são todos os lados iguais como se vivêssemos em uma roda. Mas perai! A gente realmente vive. Dizem por ai, que são em momentos como esses que as pessoas fazem as grandes mudanças. Mas mais uma vez, é a dona verdade. Ninguém é igual a mim, e não poderá entender, no máximo compreender. Se o sentido de encontrar uma verdade absoluta é nos tornarmos mais parecidos, dispenso. Mas se o sentido for para nos tornarmos unidos, já fiz minha parte.

Deixei de procurar em tudo a verdade absoluta. Deixei de tentar agradar a gregos e troianos. Me entendi. Aprendi que não preciso, nem devo, ser entendida. Me basta à compreensão. Pois compreensão, não envolve completamente. Deixa aquela brecha para as criticas. E é com elas que nós podemos refletir, reorganizar, e evoluir. Verdade absoluta só é bom para quem não quer mudar. Melhorar. Ela vos prende em um conceito de aceitação universal. Nos padroniza. Nos amarra a mesmice.


A pergunta agora é, ser aceita ou se aceitar? Ser fiel a alguém ou a você mesmo?


Como diria meu pai ' eu não sou o dono da verdade, sou o dono da minha verdade'.


É preciso que vc saiba que o amor que sinto é tão intenso quanto intranquilo.
é preciso que vc saiba que às vezes te odeio por te amar.
é preciso que vc saiba que tem dias que choro por nós, e tem dias que choro de mim.
é preciso que vc saiba que em certas noites nada é compreensível.
é preciso que vc saiba que te amar dói, dói em demasia.
é preciso que vc saiba que nem mar nem sol sabem do que sinto quando estás longe.
é preciso que vc saiba que não existe céu azul sem que vc me fale das estrelas.
é preciso que vc saiba das lágrimas que molham os lençóis na noite solitária e escura.
eu não sei bem por que, mas é preciso que vc saiba.


Quem será mãe da saudade?
A saudade é filha de uma puta. Tem uma vida que dura tanto quanto as lembranças. Tem jeito de não ter cheiro, nem gosto, nem luz, mas é agridoce e exala odores que misturam fumaça com flores e maresia.
Aparece logo cedo e vai embora muito tarde. Às vezes, não deixa dormir, vira uma cãibra no pé, ou um torcicolo.
Também é puta essa saudade. Livra-se de toda roupagem para passear pelas ruas escuras, latejando de desejo e dor. Pula de uma memória para outra, em troca de mais recordações.
Chega de saudade é música de Tom e Vinícius, mas a saudade desconhece, por isto não obedece e perdura.
A saudade é burra, mas todo mundo respeita.
Como se mata a saudade? Com canhões e mísseis ela não se assombra. De choro, ela se alimenta, e os lenços de papel só fazem aumentar seu orgulho. 
Ninguém escapa da saudade filha da puta. Ninguém.


Assim...

O anzol, o creme de leite, a rua limpa, o latido, a voz, o piano, o olhar mais profundo, a estrela cadente, a comilança, as confidências, o cafezinho, a meditação, as trapalhadas, os cuidados, o riso solto, o choro, as crenças, a liberdade de dizer, a vontade de buscar, a torta de chocolate, a pipoca, a água, o pão com manteiga, a manhã e a noite, o filme, a geladeira cheia, a taça vazia. Tudo num dia, menos você, que continua sendo o mar.

Movimento...

Seria sempre assim, esse encher-se e esvaziar-se da intimidade. Despediram-se, o aeroporto acompanhando o aceno, a lágrima que ele nem sequer escondia e que brilhava sob a luz branca da sala de embarque, a sandália dela rolando na esteira.
Eles sentiam, sabendo que dali a poucas horas não haveria nada. Era sempre assim, esse encher-se e esvaziar-se da vida a dois vivida como se fosse acabar. E acabava. Seria sempre assim, esse encher-se e esvaziar-se, e depois um outro dia, em alguma parte do mundo.



A espera pode ser muita. Pode ser que a espera seja tecida com lábios entreabertos e lençóis brancos.

Nada se espera da espera, e ela pode tanto. 

Pode esvaziar ou encher num mesmo dia. A espera depende dos dias. Alguém duvida?

A espera é repetitiva. Acorda-se com ela, come-se com ela, dorme-se esperando que a espera desapareça num sonho.

A espera dá de comer à saudade, mas a saudade não sabe esperar. A saudade é urgente. 

Espera e saudade lutam sem trégua às três da madrugada, enquanto um corpo se sobressalta com o medo de não mais sentir.

A espera é violenta. Às vezes, ela também é feia. 

A espera inspira a tormenta. E chove. A espera chove por dentro, cria goteiras que ninguém, ninguém sabe conter.

A espera é resistência. A espera é resistência. A espera é resistência.

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