domingo, 15 de maio de 2011

Cinza!




Virei cinza com você. Como é que pode?
Sempre achei que duas cores vivas
ficariam mais vibrantes juntas.

A relação com o outro é soma.
Mas quando vira tempo escuro de nuvens cerebrais,
carregadas de "não" e "esse é o jeito certo",
sinto que é minha hora de voar.

Eu me pergunto...
Cadê aquela mulher de sorriso no rosto e estrela no olhar?
Cadê a leveza, a dança e a alegria que antes me visitavam?

Perdi a cor. Será que me perdi de mim?

Terminar dói.
Só que dói menos do que ser cinza.

Não gosto de fim.
Sou de começos.
De frutas que brotam na terra,
De flores que desabrocham.

Quero ser cor de Aurora.


Eu não quero que você seja eu ...

Eu já tenho a mim...

O que quero é que você chegue ...

Com seu poder de chegar...

E de me devolver pra mim...

Que Você chegue com seu dom...

De também me fazer chegar ...

Perto de mim...



São vivas as cores de suas pétalas 
sob um sol que nutre a alma
que vivifica todo ar...

vejo tons e sobreponho tons em minha íris
contemplo um céu que faz moldura 
de uma beleza que perdura...
Sinto o aroma de seu frescor
dos dias novos que me cercam
borboletas encantadas 
flores miraculosas
de uma vontade única de re-aprender...  viver...



Balões de luz...

Os movimentos eram educadores
a estatura bem maior
a forma de segurar para que não voassem... era minha
mas ao pensar que conduzia a alma pequenina
segurou o vento para que eu pudesse ver...
fez uma curva na linha dos balões mágicos
e me mostrou que a mente precisa ser criança
pra verdadeiramente saber voar...



Treinei meus passos com a ajuda de outros braços..
as passadas eram inconstantes, tropeçava e caía
o hábito de fazer o mesmo caminho.. acabava levando à inércia
 Depois de um tempo não aguentava trilhar o mesmo rumo
soltei meus braços de quem me segurava e fui indo..
caía, tropeçava, voltava ao mesmo caminho lá atrás..
mas continuava tentando firmar.. os tais dos passos
pés muitas vezes inseguros, voltavam aos mesmos tombos..
a sola dos pés começavam a ficar mais firmes
o relógio começava então a andar segundo o seu tempo..
a música passava a dançar no ritmo correto..
mas e aí, parou de tropeçar e cair ? precisou de braços novamente ?
de braços precisamos sempre quando pensamos que estamos sós.
e muitas das vezes transparentes são..do ajudador de nossas almas..
simplesmente somos tocados na ponta dos dedos..
os pés eles tem curvas e linhas muito pessoais..
se eu não caísse, eu não saberia o valor da firmeza
se eu não tivesse tropeçado, eu não conheceria a humildade
só sei que escrevo assim, no descalço de mim, as linhas das minhas páginas..
a ponta dos dedos viram lápis a desenhar meu mapa
e deixo de ter pés de criança quando consigo caminhar
 marcando meus pés no chão..



Às vezes é preciso diminuir a barulheira,
 parar de fazer perguntas,
parar de imaginar respostas,
aquietar um pouco a vida
para simplesmente deixar o coração nos contar o que sabe.
E ele conta. Com a calma e a clareza que tem.






Trilhos novos em sandálias coloridas..
em frente a palha que toca a sola do fino calçado, 
sem pressa de chegar no seu destino, 
sem destino como se fosse marcas de pontos finais, só vírgulas..
sem pressa de contemplar as pequenas curvas..
vestido florido de luz refletida,
sozinha comigo e assoviando uma canção jovem 
sem os acordes certos..
somente uma música pra quem anda sem pressa de chegar..
quem saboreia as cores e os rostos a seguir.. 
Trilhos novos com pés no chão..




A flor abriu..
o caminho que ara a terra foi de pressa e paciência..
olhar a terra ainda sem cor, escura, querendo logo ver cores
mas, o verde da semente sempre vem..
bateu sol
bateram dias de forte sol
bateu brisa
bateu também um forte vento..
mas em meio ao que toca e ao que quer arrancar
eu vislumbrava o que um agricultor faz todo dia..
olha no horizonte procurando o crescimento..
A flor abriu..
e ela me foi dada com perfume de liberdade
.
Andei entre espinhos e ervas daninhas.
por muito tempo cortaram minhas asas
e me enganei pensando que as tinha comigo
..mas somente largata era..
minhas palavras e meu sorriso me salvavam
de não ser algo sem vida..com final determinado..
Andei entre pedras e com os pés de outro..
tinha desistido de pensar nos meus próprios pés..
arranquei das mãos do lobo a semente que me foi roubada..
e correndo entre campos corri ..corri..corri
sem olhar pra trás..
apostei corrida com meus próprios medos e comodismos..
por momentos eles ficavam um palmo na minha frente
em outros eu os atravessava..
cavei um buraco na terra e joguei minhas sementes..
entre lágrimas as reguei..
.
A flor abriu..
e como é linda a cor e o som que sai do despertar das pétalas..
é vasto o que tenho a fazer comigo mesma..
o baú que enterrei..hoje o desenterro..
os sonhos que esqueci..faço questão de procurar um a um..
o ar que hoje respiro é brisa e leve..
olho e vejo os meus próprios pés !!!
olho e vejo minhas asas tímidas retomando !!!
sementes guerreadas na fornalha..
A flor abriu..
e está em minhas mãos...



Eu te achei com o olhar de quem olha quem ama além do físico..
fez resgate dentro de mim como alguém que esqueceu de se olhar
me forças com a força do teu carinho a me descobrir mais...
Dentro das bolhas de sabão tenho tocado horizontes com cores..
sorri com a íris ... faz brisa com o beijo..teus braços são minha rede..
teu peito meu descanso..e quando vem em meu encontro eu já sei que já cheguei..
tua pele me infiltra e me aquece..teu perfume me suaviza e me ferve..
Eu te achei dias desses dentro de furacões de dias..
e deixou a poeira baixar e nos destroços achar a paz..
numa cadeira intacta de quem não tem pressa de ir embora..
de quem não tem pressa de mudar de prosa..
Olhar amado..de quem fala, ri e enxerga num só movimento de ser..








A menina foi conduzida num raio de céu..
suas vestes rodavam á medida que encostava os dedos nos ventos...
as cores que emanavam lhe penetravam sem mesmo sentir... a alma...
menina de cores e de um só tom ao mesmo tempo
petrificada com o que lhe visitou, teve medo e se esqueceu de contemplar...
menina de grandes jornadas... de linhas entrelaçadas na terra e no ar...
fraguimentada nos próprios pés que andam mesmo sem querer...
seu orvalho ás vezes vem de um choro interior que abafa em dias nublados...
a criança lhe faz visita em meio ao branco da sua folha mental...
assustada com o que lhe virá
pensa não ter força pra continuar caminhadas...
ao vislumbrar páginas dos dias que já andou...
parece impossível pensar no que já se cumpriu...
menina conduzida por mãos fortes e voz doce...
segura nas mãos do amigo
que lhe faz de novo
humana...



Tenho no aconchego do céu.. o espaço propício pra minha pipa..
a enfeitei com as mais belas e vibrantes cores..
contemplação solitária de uma liberdade que me foi doada..
Ah que sensação boa é de poder junto ao meu vento sentir a força que ele exerce..
andando ainda em linhas, e o ainda me torna forte..
consigo ter a dimensão do meu horizonte..
Tenho no aconchego do céu o espaço que se chama infinito
recebo ordens pra ser humana, tanto nos acertos quanto no aprendizado dos erros..
e que bom é ter a sensação que recebi novas folhas em branco..aliás, elas vieram com um cheiro bom.
O Ainda existe, mas não me prende mais, tem pressa de ver a pipa rodeando e rodando um céu azul..
Vamos companheira..o céu é teu..e te digo que ele não é nem um pouco pequeno.


Poeira no pé
ops..os sapatos querem correr a estrada
mas ainda como uma brincadeira de estátua..
ainda..o tiro de largada não foi dado..
os pés e a poeira estacionadas no ar..
ali..um pé suspenso no vai e o outro no fica
assim os pés aderem ao sábio momento da espera..
Poeira no pé
de quem ficou e quer ir
de quem ainda tem um motivo pra ficar e ainda assim quer ir
de quem precisa mudar cursos
subir montanhas
escalar muros
atravessar pontes
até tropessar novos tropeços..
num horizonte e numa vertical
parada entre pernas que sustentam um corpo
é dada a largada que não larga e que ao mesmo tempo anda..
o coração de quem precisa seguir
o coração sangrado e lavado
tem confusão maior que essa ?
a pior delas seria estacionar o velho tempo que não sabe morrer
o tempo é vivo
ele sacode a poeira
ele vence até a morte
ele vence dores..
um pé é minuto e o outro é a hora
eu sou o relógio da corrida
e a bandeira da vitória é simplesmente seguir..
um dia de cada vez..


Não sabia que enquanto eu adormecia..
as estrelas desciam do alto céu e tocavam na terra..
crianças despertavam para colorir as nuvense enfeitar a terra para um novo amanhecer..
Não sabia..
que enquanto eu adormecia..
o céu continuava trabalhando, os anjos recomeçavam a decoração
Nos quartos onde os seres humanos oscilavam entre sonhos e pesadelos..
Eram lhes construídos pontes, para passagens mágicas com esperança..
A mente vagava sem destino de pouso..por isso..
Enquanto eu adormecia..
O céu sorria..
brilhava o dia..
para mais um presente recebermos..
o Hoje que a nós veio enfeitado..
Tudo de novo ?
Sim..Recomeço
Que não mais adormecia..
mas despertava quando os anjos subiam pelas escadas das estrelas..
Não se deixa a luz ir embora sem arrepender-se
de que há uma oportunidade de recomeçar..
a cada dia..
um presente diferente..
para os mesmos destinos
eu e você..


Parece nudez..
mas é só escasso
Parece sombra
mas são só traços..
A decisão de ir embora..
parece despedida
mas são só páginas que foram escritas..
é adeus sem presença
entre galhos pondera a coluna que vértebra o ar..
pano fino em encostos duros
.
Deixa a luz desse sol ficar guardado no que já foi..
não volta..já foi..o brilho que eternizou..
não a força de seu calor..o calor vai..
Não supliques a minha presença..
ela se foi..guarde..
saiba lembrar do calor
e da nossa música
Sem dor..Sem perguntas..
Deixe as repostas escritas nas mesmas linhas
que um dia escrevemos sem querermos escrever..
deixa o livro em branco..feche o outro
Guarde no coração apenas..
Só deixe eternizar ..
A razão..A emoção..


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