domingo, 15 de maio de 2011

Enfim a Felicidade


O guri continuava ao olhar abobalhado para o seu ídolo que estava a poucos centímetros dele lhe sorrindo.

—Vovô, quando eu crescer quero ser igual ao senhor.

O Seu Álvoro olhou para o neto com um enorme sorriso e o abraçou, João tinha o maior orgulho de ser seu neto, adorava contar aos amigos quem ele era e o que ele fazia ainda mais agora depois do Seu Álvoro ter sido classificado em primeiro lugar na etapa estadual do campeonato de judô, mesmo estando com 63 anos.

—Vovô, você sempre quis ser judoca? É por isso que você é tão feliz?

O Seu Álvoro pensou naquilo, a resposta era não, ele nunca tinha pensado em ser judoca, mas o neto estava certo, hoje ele era mais feliz e essa segunda conclusão fez com que o Seu Álvoro parasse pra pensar o porquê disso.

Na verdade durante uma parte considerável da sua vida ele sempre fez exatamente o que sonhará fazer, mais aquilo nunca lhe trouxe tanta felicidade quanto o judô lhe trazia agora. Desde moleque ele quis trabalhar na mesma empresa do pai, talvez pra ficar mais perto dele, e esse vim a notá-lo.

Quando aos 22 anos viu-se encarregado do negócio da família, sentiu-se muito orgulhoso, mas aquilo não era nada comparado com agora. Está à frente do negócio da família foi o que ele sempre quis, mas aquilo era sua obrigação e não um divertimento, ele tinha muitas metas a cumprir e havia muito em jogo, por mais que gostasse, ele não poderia leva aquilo com um hobby, exigia muita seriedade dele.

Quando aos 53 anos passou o seu cargo pra o seu primogênito, ele se viu sem chão, não conseguia encontrar uma utilidade para sua existência. Até que certo dia caminhando por uma praça próxima a sua casa na final da tarde, avistou um grupo de crianças com um professor lhe demonstrando alguns golpes de judô num tatame improvisado ali mesmo.

Foi paixão à primeira vista, a determinação e a alegria daquelas crianças, foram o incentivo que Seu Álvoro precisou para si inscrever na turma também. A família logo pensou que ele tinha ficado gaga de vez, mas a sua felicidade e a determinação de seu Álvoro para acompanhar a turma, foi o motivo mais que suficiente para não intervirem, e Ser Álvoro tinha novamente algo a si dedicar, algo que não cobrava nada em troca.

Logo ele se tornou um exemplo para as pessoas da terceira idade, e para alguns jovens também que não queriam ser passados pra trás por um bando de velhinhos.

Ali abraçado com o neto Seu Álvoro compreendeu porque era tão feliz, porque pela primeira vez na vida ele fazia algo que era totalmente desprovido de interesse, fazia porque se sentia bem e isso era o suficiente.

Então ele sorrio para o neto e se pois a explicar ao neto que não era o judô que o fazia feliz, mais sim a necessidade de estar bem.



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